quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Antes que o corpo se esqueça...



Os dedos das mãos entrelaçaram-se formando um nó, que ambos reconheceram como um sim, um consentimento, uma declaração de amor silenciosa e intensa.
Teo puxou Lara para si, sentiu o seu corpo encostado ao dele, quente e expectante. Devagar, como se o tempo tivesse parado e que a eternidade fosse possível, passou um braço pelos ombros de Lara e com a outra mão afagou-lhe os cabelos, os dedos percorrendo lentamente os fios sedosos e dourados, ao mesmo tempo que lhe beijava as pálpebras, o rosto, o pescoço; primeiro leve, muito leve, como se quisesse gravar nos lábios para sempre, a maciez e o perfume da sua pele; depois o abraço tornou-se mais forte, e Teo beijou-lhe a boca, com a intensidade do desejo que acumulara ao longo daquele mês, em que ambos se tinham envolvido num jogo de sedução e conquista, sabendo desde o início que seriam traídos pelos seus próprios corpos.
Beijaram-se com sofreguidão, quase com violência, demoradamente. Os lábios húmidos, entreabertos, prelúdio de um cântico de paixão e prazer a que se entregavam sem medo.
Com movimentos delicados, desapertou-lhe os botões da blusa, sentiu a redondez dos seios, a pele aveludada, a curva das ancas; Lara encostara a cabeça ao ombro de Teo e com as mãos acariciava-lhe o peito, os braços, beijava-lhe o pescoço e sentia na língua o gosto salgado da pele daquele homem másculo, sensual e sensível, que entrava agora  na sua vida.
Teo segurou-lhe a mão e levou-a até à cama, grande, larga, convidativa com lençóis brancos e sedosos; correu os cortinados de seda azul e acendeu um pequeno candeeiro que deixou filtrar uma luz suave e dourada. Olhou para Lara e para o seu corpo lindo e nu, as pernas longas e bem torneadas, os seios firmes e redondos, a cabeleira loura solta na almofada, os olhos azuis violeta semicerrados, os lábios doces como fruta. Sonhara com aquele momento, noites e noites acordara, achando que Lara tinha fugido, que não iria voltar a encontrá-la; e agora ela estava ali, esperando por ele, o desejo solto como um potro selvagem, o corpo enfeitiçado. Deitou-se sobre ela, acariciando-a, beijando-a, as mãos percorrendo todo o corpo, a boca, a língua, demorando-se nos seios, nos mamilos, no ventre, ao mesmo tempo que lhe sussurrava palavras de desejo e paixão.
  
Lara entregou-se como uma deusa pagã, livre e intensa, procurando, encontrando e reencontrando o prazer, o corpo flexível em perfeita harmonia com o de Teo, os dois gemendo de amor e depois nos braços um do outro, quando saciados e exaustos, procuravam uma pausa feita de silêncio e ternura.
O mundo desaparecera lá fora; nada mais existia a não ser eles, e o perfume raro e único, mescla sensual de madeiras e flores, impregnado com o cheiro dos seus corpos húmidos e acalmados.
Lara procurou guardar na memória, esse aroma excitante e provocador, oásis perfumado no qual se poderia abrigar, que era só dela e ao qual ninguém mais teria acesso.



terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Sonhos lógicos?

Não era novidade, os sonhos eram sempre disparatados, reflectindo medos, inseguranças, aparecendo e desaparecendo, trazendo de volta a angústia, a ansiedade.
Surgiam ao acordar quando o cérebro ainda meio ensonado mistura tudo e diverte-se a meter-lhe medo, sem que pudesse cravar as unhas no sonho e fazê-lo sangrar até à exaustão.
E quando acordava, desperta mas conseguindo ainda lembrar passagens dos sonhos que não queria ter, tinha a consciência vaga que tudo aquilo afinal era lógico e fazia sentido.