Os
dedos das mãos entrelaçaram-se formando um nó, que ambos reconheceram como um sim, um consentimento, uma declaração de amor silenciosa e intensa.
Teo
puxou Lara para si, sentiu o seu corpo encostado ao dele, quente e expectante.
Devagar, como se o tempo tivesse parado e que a eternidade fosse possível,
passou um braço pelos ombros de Lara e com a outra mão afagou-lhe os cabelos, os dedos percorrendo lentamente os fios sedosos e dourados, ao
mesmo tempo que lhe beijava as pálpebras, o rosto, o pescoço; primeiro leve,
muito leve, como se quisesse gravar nos lábios para sempre, a maciez e o
perfume da sua pele; depois o abraço tornou-se mais forte, e Teo beijou-lhe a
boca, com a intensidade do desejo que acumulara ao longo daquele mês, em que
ambos se tinham envolvido num jogo de sedução e conquista, sabendo desde o início que seriam traídos pelos seus próprios corpos.
Beijaram-se com sofreguidão, quase com violência, demoradamente. Os lábios húmidos, entreabertos, prelúdio de um
cântico de paixão e prazer a que se entregavam sem medo.
Com
movimentos delicados, desapertou-lhe os botões da blusa, sentiu a redondez dos
seios, a pele aveludada, a curva das ancas; Lara encostara a cabeça ao ombro de Teo e com as mãos acariciava-lhe o peito,
os braços, beijava-lhe o pescoço e sentia na língua o gosto salgado
da pele daquele homem másculo, sensual e sensível, que entrava agora na sua vida.
Teo
segurou-lhe a mão e levou-a até à cama, grande, larga, convidativa com lençóis
brancos e sedosos; correu os cortinados de seda azul e acendeu um pequeno
candeeiro que deixou filtrar uma luz suave e dourada. Olhou para Lara e para o
seu corpo lindo e nu, as pernas longas e bem torneadas, os seios firmes e redondos,
a cabeleira loura solta na almofada, os olhos azuis violeta semicerrados, os lábios
doces como fruta. Sonhara com aquele momento, noites e noites acordara, achando
que Lara tinha fugido, que não iria voltar a encontrá-la; e agora ela estava
ali, esperando por ele, o desejo solto como um potro selvagem, o corpo
enfeitiçado. Deitou-se sobre ela, acariciando-a, beijando-a, as mãos
percorrendo todo o corpo, a boca, a língua, demorando-se nos seios, nos
mamilos, no ventre, ao mesmo tempo que lhe sussurrava palavras de
desejo e paixão.
Lara
entregou-se como uma deusa pagã, livre e intensa, procurando, encontrando e
reencontrando o prazer, o corpo flexível em perfeita harmonia com o de Teo, os
dois gemendo de amor e depois nos braços um do outro, quando
saciados e exaustos, procuravam uma pausa feita de silêncio e ternura.
O
mundo desaparecera lá fora; nada mais existia a não ser eles, e o perfume raro
e único, mescla sensual de madeiras e flores, impregnado com o cheiro dos seus
corpos húmidos e acalmados.
Lara
procurou guardar na memória, esse aroma excitante e provocador, oásis perfumado
no qual se poderia abrigar, que era só dela e ao qual ninguém mais teria
acesso.