domingo, 11 de junho de 2017

"Era só um balde"...


Há palavras que detestamos, esta é uma delas, balde…e no entanto a memória encarregou-se de a transformar!
Não, não era só um balde, eram muitos cheios de peónias majestosas, que se ofereciam aos olhos dos que passavam. Rosas, amarelas, brancas, púrpura, carmim. Deslumbrantes, poderosas, inesquecíveis peónias que um dia descobri num terraço em Paris…
Quantos anos atrás? Muitos, cinquenta talvez, não importa, na memória a imagem ficou, gravada, enraizada e as peónias passaram a ser a minha flor preferida.
E volto de novo à memória que nos faz aterrar sem para-quedas onde menos esperamos e depois abrem-se capítulos, numa espécie de flash back que não procurámos mas que não conseguimos travar.
Durante anos as peónias estiveram adormecidas, não esquecidas, simplesmente retidas num lugar longínquo da minha vida.
Espanto-me com a nitidez de algumas imagens, espanto-me como fui capaz de fazer desaparecer páginas de capítulos que deveriam ser importantes, marcantes, mas desbotaram-se tanto que perderam a forma, a cor, o cheiro. E outros que permanecem vivos, às vezes demasiado vivos e no entanto foram só umas páginas escritas à pressa.

As peónias são decididamente a minha flor preferida.