terça-feira, 4 de junho de 2019

"Um balde e uma esfregona mais à frente um livro aberto, maltratado"

Na sequência de uma aula de escrita criativa... os desafios da Margarida!

Hoje a inspiração fugiu entre o balde, a esfregona e um livro maltratado, não me resta senão obedecer ou desobedecer.
Vou obedecer à esfregona e condicionar o meu texto a esse objecto com franjas na ponta normalmente sujas e a pingar? Não, não quero. E depois há o balde - detesto a palavra balde, associo-o a um objecto feio de zinco escuro e água turva, Recuso o balde. Resta o livro maltratado, podia dar origem a um desafio pseudo-filosófico, não estou para aí virada. 
O respeito incondicional pelo livro? Ou o respeito incondicional pelo autor?
Escolho o autor, selecciono o autor, esqueço-me das palavras, lembro o ritmo, a capacidade de captar a emoção, as lágrimas que caem sem nós querermos. O livro que ficou na biblioteca da nossa memória, o livro que corre ainda nas nossas veias, o livro que é nosso e sempre será, o livro que  nos possuiu, que nos manteve fora da nossa realidade, o livro que não queríamos que chegasse ao fim, o livro que nunca será maltratado.