terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Sentir a felicidade




Se pensarmos, se quisermos racionais, sérios, adultos, chegamos à conclusão que temos razões para nos sentirmos felizes.
O mal é querer que a felicidade seja duradoura, um bem adquirido. A felicidade é feita de momentos, de retalhos, às vezes de migalhas. Somos ambiciosos demais na felicidade e desprezamos os sinais, mesmo pequenos, que ela está ali, ao nosso lado, à nossa espera.
Hoje repito a frase dita por um amigo:  “Le malheur de t’avoir perdu, le bonheur de t’avoir connu”. A felicidade de ter conhecido a felicidade, só nos pode dar a certeza que podemos agarrar na nossa memória o sentimento, a emoção e reencontrá-la.
Às vezes passam tempos em que temos a sensação que ela fugiu e que não a recuperaremos nunca mais.
Penso, sem poder pensar, sem poder imaginar, sem poder sentir, achando quase um sacrilégio poder pensar, naqueles que há setenta anos viram abrir-se as portas de Auswich, de Dachau, aqueles que sobreviveram, aqueles que um dia voltaram a sorrir…

É preciso tornar a felicidade mais próxima, relembrar, reconstruir. Apagar, sim apagar muita coisa, mas agarrar um sorriso, um raio de luz, uma flor que se abre, um pingo de chuva. Agarrar a vida, e sublinhar todos os dias, os momentos, os segundos em que ela estava ali. Fiel e fugidia.

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