No sótão estou eu e tudo aquilo que fui e sou. Já
há algum tempo que o tema me persegue, a certeza absoluta que só sei o que
possuo, o que ninguém me pode tirar, o que permanecerá em mim até ao fim, é o meu
passado.
Não é pesado, mas já é longo, uma espécie de teia
de aranha de fios finos mas todos parte de mim. Chega a ser engraçado olhar
para a teia, tecida com todo o cuidado e saber que tudo aquilo faz parte de um
percurso não linear, não transparente,
mas que consigo decifrar quando procuro um dado, um capítulo esquecido … enigmática
a teia de aranha? Talvez, mas só para aqueles que procuraram um caminho sem
curvas, nem contra curvas, plano, previsível. Enquanto isso eu ia tecendo e a
teia ganhava força, e os fios brilhavam, e alguns insectos ficavam presos no
entrelaçado.
A minha teia de aranha tenho ainda que cuidar
dela, não vou deixar que ninguém se atreva a apagá-la. No dia em que
desaparecer, desapareço eu também, porque eu sou a teia e a teia sou eu.
Subtil e transparente como a Helena
ResponderEliminar