quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Para ler preciso de um livro, para sonhar preciso de mim”


“Sonhei esta noite ou melhor tive um pesadelo; não sei onde as pessoas foram inventar que sonhar é bom”, pensou Madalena quando se levantou.
Era sempre assim, o sono tinha a particularidade de lhe trazer de volta todas as suas angústias e ansiedades. Às vezes eram pequenas, grandes coisas, como ontem…”a meio do caminho para o aeroporto, verifica que não tem o passaporte, deixou-o em casa… tem que voltar, tem que voltar, já não tem tempo, ou será que pode, o passaporte, sem ele não pode viajar…” acorda sobressaltada.
Será que há maneiras de acabar com os pesadelos? Porque é que eles a perseguem?
O Afonso diz-lhe muitas vezes que sonha com ela, Madalena não acredita, no fundo até nem quer, não sabe o que o sonho pode trazer, como se pode transformar.
Toma um duche rápido e verifica se está tudo em ordem: sim está lá o bilhete de avião, o passaporte, o envelope com os dólares, a reserva do hotel e o livro para ler enquanto espera. Tem tempo para chegar ao aeroporto. Sem um livro Madalena sente-se inquieta, ansiosa, mas no momento em que se embrenha na leitura, o mundo pára à sua volta.
A viagem é longa, nove horas custam a passar, parecem não ter fim. Quando se cansa de ler, fecha os olhos e sonha acordada. Aí sim é dona dos seus sonhos, faz deles o que quer, pinta-os com as suas cores preferidas.
Afonso espera-a no aeroporto, um sorriso imenso, um abraço terno, um beijo longo, prolongado, quente, e as palavras ”que saudades, tantas, tantas saudades”.

Afinal talvez fossem verdadeiros os sonhos de Afonso!

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