domingo, 29 de setembro de 2019

Solidão

Fecho a porta atrás de mim, nada me prende, nada me faz recuar. Fui feliz um dia, perdido no tempo, perdido no pó das lembranças. Vou, "sem lenço, sem documento", vou, para longe, bem longe... recomeçar? Não, não quero recomeçar, quero afastar-me de tudo aquilo que foi e que não será nunca mais. Deixo as paredes nuas, as árvores secas, os vidros partidos como a minha vida, partida, sem destino, sem fim, sem memória, não quero ter memória, dói demais... Vou até onde o destino me levar. Pararei talvez parra descansar, talvez seja capaz de fechar os olhos e não ver nada, não quero que nada se infiltre para me lembrar que já tive uma vida, que já amei, que já chorei, que já ri e solucei. Deito tudo fora, já não sou eu que caminho, é a minha sombra, o que resta da minha sombra.

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