Há um mês que está fechado
em casa, se é que se pode chamar casa, ao quarto atolado de móveis, livros, um
divã usado, a cozinha onde mal se pode mexer e ao canto a que chamam casa de
banho.
Quando podia sair ainda sonhava, com a rapariga
da tabacaria de decote provocante e cabelos compridos, com a promoção que o
chefe lhe prometera, a viagem a Espanha que combinara fazer com o colega, com a
mudança de casa assim que fosse promovido… agora os sonhos estavam no caixote
do lixo, os sonhos ocupavam um espaço que ele não tinha mais e provocavam-lhe
uma ansiedade que o deixava morto de cansaço.
Adeus sonhos, talvez até à vista… peço
desculpe por ser tão indelicado e de vos misturar com as cascas de batata, as
cascas dos ovos, os papeis amarrotados, mas não tenho mais lugar para vocês,
nem abrir a janela consigo… Adeus meus companheiros, agora não tenho outra
solução…
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