“Sei que não vou por aí…”
“tem um monstro em si suspenso…”
Aceitou o confinamento, já estava
habituada à solidão, era só uma outra perspectiva, a perspectiva do
imaginário…não havia a força do abraço, o cheiro do corpo do outro, o perfume
suave…
Tudo era possível na imaginação e
os dias foram passando, sozinha, mais sozinha, todos os dias, todas as noites.
Fugia da melancolia e da nostalgia, sabia que não podia ir por aí, os riscos
eram demasiado grandes. Esquecendo que tinha um corpo, com braços, pernas, mãos
para agarrarem, apertarem, acariciarem…
Esqueceu-se…
Pensava que ia sobreviver, afinal
gostava do silêncio, e habituara-se há quase total ausência do outro.
Esqueceu-se de olhar para dentro ou não queria olhar para dentro, pareceu-lhe
ter um monstro suspenso, não pode libertá-lo mas a luta é desigual, o monstro
vai insidiosamente invadindo espaços, contaminando, enfraquecendo…
Levanta-se sobressaltada, afinal
todos os capítulos fechados pareciam agora querer abrir-se… não, não deixaria,
sentiu que só a escrita a poderia salvaguardar…Seria ainda capaz? Chegaria a
tempo?
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