Luísa aperta a carta contra o peito.
Há dois meses que espera notícias de Miguel.
Sabia que ele não lhe escreveria com
frequência. Partira numa missão altamente perigosa e secreta. Telefonemas e emails estavam fora de questão, poderiam constituir
pistas.
Luísa senta-se, abre o envelope com
cuidado, desdobra a folha de papel branco e olha sôfrega a letra
inconfundível de Miguel.
“Meu amor,
Sei que estás impaciente e reconheço
como deve ser difícil a minha ausência e o meu silêncio. Conheces as razões.
Mas o meu corpo, o meu espírito estão impregnados de ti. Às vezes parece que
sinto o teu perfume e que acaricio a tua pele macia. Depois acordo
sobressaltado.
Não sei quando voltarei a escrever-te,
é tudo muito complicado, mas agarro-me à certeza que nada, nem ninguém nos
separará.
Amo-te e podia repetir amo-te, amo-te,
amo-te, até à exaustão.”
Luísa respira fundo, limpa as lágrimas
que não consegue reter.
“Miguel quando voltas meu amor, minha
paixão, minha vida…”
Os meses passam sem notícias, sem
cartas, o vazio total.
Um dia a campainha toca, tem a certeza,
é o Miguel, corre doida até à porta. Abre-a de rompante. Sim é o Miguel,
sentado numa cadeira de rodas.
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