terça-feira, 24 de março de 2015

"Já não dá ...desculpe"


Sabe que não tem muito tempo, mas não se atreve a olhar para o relógio, prefere pensar que o que lhe resta é dela e só dela; do outro lado está ele, separados por uma barreira de vidro, onde por um pequeno orifício podem proferir algumas palavras. “Não chores, tudo vai passar…”
Ela tenta sorrir, dizer-lhe que o amará para sempre, que nada os separará. Mas a voz fica embargada na garganta, e agora soluça convulsivamente. O rosto dele está transtornado pela dor e pela comoção. Consegue ainda esboçar um gesto como se lhe acariciasse os cabelos.
Ouve-se uma sirene, acabou o tempo; ela não consegue levantar-se; ele olha-a, procura um sorriso, uma luz.
Alguém aproxima-se e diz:

“- Já não dá…desculpe.”                         

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