Era um sentimento estranho e diferente
que a invadia. Uma imensa nostalgia, e a
certeza clara e dura, que havia coisas perdidas para sempre. Mas havia outras
que queria ainda fazer, que deviam ser feitas, não se perdoaria deixá-las ao
acaso.
Passa os dedos pelos cabelos, está só
mas a solidão não lhe pesa, dentro de si as recordações dançam como se de um
bailado se tratasse.
Olha
pela janela, o sol põe-se no horizonte.
Partir para longe dissera ele. “Quero
ir para onde ninguém me conheça, esquecer que te amei e recomeçar de novo.”
Ela calou-se, não respondeu; achava
tudo aquilo um disparate, como se fosse possível não arrastar consigo o
passado, a memória, os risos e as lágrimas.
“Não dizes nada…”
“Vai, vai para longe, não te
libertarás nunca de mim. É a única coisa que eu sei.
Ele olhou-a espantado e saiu deixando
a porta aberta.
O tempo um dia achamos que o temos
todo. Sem darmos por isso chegamos a meio e depois inexoravelmente o tempo
ficou tão curto que nos surpreende.
O tempo… estranha noção.
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