quinta-feira, 3 de outubro de 2013

"Jean Christophe" para a Rosi



Falei-te deste livro muitas vezes, li-o há muitos anos, quando tudo era ainda desconhecido para mim; a vida, a paixão, a morte. Chorei e sofri ao lê-lo, mas não o esqueci nunca, por isso o escolhi para ti.
Rias-te, dizias que era a minha bíblia, irritavas-me e não me esqueço. Ofereço-te hoje depois de tantos anos, como vingança dessa ironia imatura.
Tenho saudades do tempo da voragem, da fome, quando um livro era sempre mais uma descoberta, um passeio, uma viagem, um drama vivido também por mim.
“Jean Christophe”, a solidão, a amizade, o amor. As lágrimas que corriam sem eu as poder parar, a sofreguidão da leitura.
O tempo apagou o ímpeto, talvez porque a vida se encarregou de se tornar um livro, que procurei escrever, muitas vezes sem me preocupar com o ritmo, a velocidade, o perigo.
E por isso me lembro de “Jean Christophe” e a emoção com que o li. Porque nessa altura eu gostava da tristeza sem ser triste, e compreendia a solidão sem estar só.
A vida, capítulos que se escrevem, que se encerram. Volume I, II, III,  e talvez ainda o IV e o V. Não pensei que o livro fosse tão longo.

Rias-te, quando eu vivia pelo “Jean Christophe” e para o “Jean Christophe”. E hoje, porque não te perdoo se não o leres, vais perceber a minha emoção. 

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