sexta-feira, 4 de outubro de 2013

"Ela balato"





 Sexta-feira treze!



Levantou-se estremunhada. Mais uma vez o despertador não tocara. Odiava, odiava ter que se arranjar à pressa, não ter tempo para tomar o pequeno-almoço, apanhar um trânsito infernal e chegar inevitavelmente atrasada à reunião.
Tinha jurado que não compraria mais nada na loja do chinês, mas o relógio era tão barato, “ela tão balato” dizia a chinesa de cabelo escorrido e sorriso igual a sempre.
Ela levou o despertador para casa, à conta do “ela balato”. Lembrava-se do dia em que o marido da chinesa lhe tinha dito que a geringonça para tirar os borbotos da lã só trabalhava com “pilas glandes”. Entrou no jogo das “pilas” e comprou a geringonça que até era eficaz. Mas o despertador não. Não havia “pilas glandes” ou pequenas que lhe valessem.
A culpada era ela… e agora afogueada, uma malha no collant preto, o cabelo uma verdadeira juba, tenta pôr o carro a funcionar, não pega, tenta mais uma vez, silêncio total, liga o telemóvel… e vem de lá uma voz  “lamentamos informar, mas o serviço está suspenso…” “Merda, esqueci-me de pagar”. Não há volta a dar-lhe, não pode ir à reunião, não naquele estado calamitoso.

Tenta abrir a porta de casa, a chave? Esqueceu-se, não está na carteira…” “Ela tão balato”

HB

Sem comentários:

Enviar um comentário