Sexta-feira treze!
Levantou-se
estremunhada. Mais uma vez o despertador não tocara. Odiava, odiava ter que se
arranjar à pressa, não ter tempo para tomar o pequeno-almoço, apanhar um trânsito
infernal e chegar inevitavelmente atrasada à reunião.
Tinha
jurado que não compraria mais nada na loja do chinês, mas o relógio era tão
barato, “ela tão balato” dizia a
chinesa de cabelo escorrido e sorriso igual a sempre.
Ela
levou o despertador para casa, à conta do “ela
balato”. Lembrava-se do dia em que o marido da chinesa lhe tinha dito que a
geringonça para tirar os borbotos da lã só trabalhava com “pilas glandes”. Entrou no jogo das “pilas” e comprou a geringonça que até era eficaz. Mas o despertador
não. Não havia “pilas glandes” ou
pequenas que lhe valessem.
A
culpada era ela… e agora afogueada, uma malha no collant preto, o cabelo uma verdadeira juba, tenta pôr o carro a
funcionar, não pega, tenta mais uma vez, silêncio total, liga o telemóvel… e
vem de lá uma voz “lamentamos informar,
mas o serviço está suspenso…” “Merda, esqueci-me de pagar”. Não há volta a
dar-lhe, não pode ir à reunião, não naquele estado calamitoso.
Tenta
abrir a porta de casa, a chave? Esqueceu-se, não está na carteira…” “Ela tão balato”
HB
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