sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Para não escrever a minha vida, escrevi a tua




Sim, é mais fácil, tu és eu, e toda a gente vai perceber, mas é mais fácil, ao escrever em teu nome posso dizer tudo aquilo que não posso se for eu a assinar.
Então está combinado, tu és eu, e assim posso perdoar-te  as fragilidades, as palermices, os teus erros, as tuas vitórias, as tuas derrotas.
Eras doida, sem saberes ou talvez não o quisesses saber ou talvez tivesses medo de o saber.
Quiseste levar uma vida a que se chama normal e com a tua idade, deste-te mal. A normalidade não era o teu terreno e claro patinaste. Ficaste arranhada, magoada, às vezes perdida.
Valeu-te o teu instinto de sobrevivência, que não sabias que tinhas, mas que foste obrigada a conhecê-lo e foi ele que muitas vezes te atirou uma corda a que te agarraste com força até voltares à superfície.
Depois combinaste o incombinável, liberdade e maternidade. Corrias para a liberdade mas davas-lhe outros nomes, paixão, independência, o que te convinha na altura. A maternidade impediu-te a liberdade, impôs-te barreiras que aceitaste sem discutir. Mátria, não materna.- Não meiga e terna, simplesmente raízes e terra.
Tu eras um perigo sem saberes, uma ameaça que não querias ser.
Depois o tempo foi passando e encontraste o equilíbrio dentro do caminho cheio de curvas que escolheste.
E agora que vejo algumas rugas no teu rosto ainda sorridente, olho a serenidade no teu olhar.
HB


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