A folha em branco. A angústia de a
preencher com toda a tristeza que me invade. A tristeza quase felicidade de
assim apagar a solidão.
A saudade caminha lado a lado com a
solidão. Às vezes até falavam uma com a outra. Habituara-se já aquele diálogo
interior. Não conseguia pará-lo nem pedia para se calarem. A tristeza tomara
conta dela, invadira-a de tal forma que nada era uma surpresa.
Lá fora o mundo continuava a existir.
Tudo estava a mudar, falava-se de uma nova ordem, uns viam no caos a salvação,
a redenção; outros mais pessimistas tinham perdido a vontade de lutar e
continuar, restava-lhes ver o cenário mudar sem que os actores se dessem conta
que o autor morrera e que o fim não podia ser feliz.
Uma civilização que declina, da qual só
restarão vagas memórias e alguns livros que já ninguém lerá.
Para ela tudo lhe era quase indiferente…
quase, pensou, afinal há um espaço, um espaço que pode ainda ser preenchido e
essa réstia de luz, essa felicidade possível seria capaz de apagar a angústia?
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