Escolher um
objecto, preferido de preferência!
Um objecto –
não alguns. Só um é difícil, um objecto
do qual eu tivesse gostado muito, levou quase sempre à compra de outro objecto
parecido, da mesma família, da mesma cor.
São pequenas
colecções: os bules, a cerâmica persa, azul e frágil, os vidros azuis. Destaco um?
Não posso,
não amo só um, é o todo, a diversidade, o tempo, a época, a circunstância.
Pergunto a
mim própria, se fosse obrigada a escolher qual seria o meu preferido? Olho-os
com curiosidade e alguma distância.
Imagino-me a
partir, e a ter que me despedir daqueles objectos que correspondem a etapas da
minha vida, a gostos e a contra gostos. Destaco o bule de prata, antigamente
usava-o, depois achei que ele estava cansado e pu-lo a descansar junto com os
outros. Não sei se gostou, sobretudo porque o substitui pelo de barro vidrado,
“british” sim, mas não aristocrático.
“És tu o
escolhido, ficavas lindo quando te limpava com um produto especial e depois te
secava e polia com uma flanela macia. Vens comigo e serás o fio condutor de
todas as recordações e lembranças. Escolho-te porque és único, elegante e
distinto e me serás fiel até ao fim. Não te vais partir, a tua tampa não se
quebrará em mil pedaços.
Escolho-te e
isso liberta-me, digo adeus a todos os outros, sem lágrimas, mas triste. É
sempre triste dizer adeus, sobretudo quando nos despedimos de nós próprias.
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