O pinhal era a paisagem da sua infância e adolescência. No Verão as pinhas
caíam e a caruma atapetava o chã; cheirava a calor e a liberdade. O cheiro está
dentro dela, vivo para sempre na memória e o pensamento procura encontrar a sensação antiga da liberdade perdida.
O cesto de verga que segura no braço está vazio, quer enchê-lo
de memórias felizes, enterradas fundo, tão fundo que só a
liberdade pode ser capaz de as trazer à superfície.
Liberdade de pensar, amar, escolher, sofrer.
O cesto ainda está vazio e de repente um cão branco aparece, traz na
boca uma pinha que deixa cair a seus pés, depois corre novamente e traz outra
pinha e mais outra e outra. O cesto está agora cheio, e o cão branco fugiu sem
deixar rasto.
As pinhas libertam o perfume do sonho e da imaginação, onde tudo era
possível, quando o passado ainda não existia, e o futuro era a eternidade.
Os anos apagavam-se como se nada tivesse acontecido, ficava só aquela
sensação luminosa de um espaço imenso que podia ser conquistado.
O difícil é encher o cesto só de memórias felizes...
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